sexta-feira, 10 de outubro de 2008

meu encontro com lya




Tudo se complica porque trazemos nosso equipamento psíquico. Nascemos do jeito que somos: algo em nós é imutável, nossa essência são paredes difíceis de escalar, fortes demais para admitir aberturas. Essa batalha será a de toda nossa existência.
As ferramentas para executarmos a tarefa de viver podem ser precárias. Isso quer dizer: algumas pessoas são mais frágeis que outras. 
O meu diminuto jardim me ensina diariamente que há plantas que nascem mais fortes, outras malformadas, algumas são atingidas por doença ou fatalidade em plena juventude, outras na velhice retorcida ainda conseguem dar flor.
Essa mesma condição é a nossa, com uma diferença dramática: podemos pensar.
Por isso, mais uma vez, somos responsáveis, também por nós. Somos no mínimo co-responsáveis pelo que fazemos com a nossa bagagem que nos deram para esse trajeto entre nascer e morrer.
Carregamos muito peso inútil. Largamos no caminho objetos que poderiam ser preciosos e recolhemos inutilidades. Corremos sem parar até aquele fim temido, raramente sentamos para olhar em torno, avaliar o caminho, e modificar ou manter nosso projeto pessoal.
Ou nem tinhamos desejos pessoais. Nos diluímos nas águas da sorte ou da vontade alheia. Ficamos tênues demais para reagir. Somos os que se encolhem nos cantos ou sentam na berada da poltrona dos salões da vida.
Cada desperdício de um destino, um indivíduo que se proíbe de se desenvolver naturalmente conforme suas capacidades ou até além delas, me parece tão tragico e tão importante quanto uma guerra. 
Não deviamos escrever artigos e fazer passeatas apenas contra a guerra, a violencia, a corrupção e a pobreza, mas proclamar a importância do que semearam em nós, individuos. De como o devemos cuidar no tempo que nos foi dado para essa jardinagem singular.

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